domingo, 22 de julho de 2007

Nova Intervenção Precoce na infância suscita críticas

"Artigo do Jornal Público"

17.07.2007, Andreia Sanches
O Governo está a ultimar um diploma que introduzirá várias mudanças no modelo de Intervenção Precoce (IP) junto das crianças com deficiência ou em risco de atraso grave do desenvolvimento. E, a julgar pelas vozes que ontem se fizeram ouvir numa audição parlamentar com vários especialistas, não faltam críticas ao novo paradigma. Desde logo, o executivo quer separar as águas. As chamadas "equipas de IP" que existem no país (que incluem técnicos de Saúde, Educação e Segurança Social e actuam junto de crianças até aos seis anos) deverão passar a concentrar-se nos meninos com deficiência ou com perturbações graves de desenvolvimento. E os que estão em "risco social" - vivem em "famílias disfuncionais", por exemplo - deverão ser alvo de outro tipo de medidas. "A intervenção que se faz a uma criança que tem uma incapacidade permanente, problemas de surdez ou de cegueira, por exemplo, não pode ser igual à que existe junto da criança que tem uma família disfuncional ou que é vítima de violência", defendeu Luís Capucha, director-geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. Algum tempo depois adiantou ainda que, em Portugal, mais de 4500 crianças são alvo de IP, mas que a distribuição dos apoios pelo país é muito "desigual" - algo que também quer ver alterado. "Crianças em risco social têm que ser alvo de outro tipo de intervenções que não [se enquadram] nesta política da intervenção precoce", sustentou na audição promovida pela subcomissão para a Igualdade de Oportunidades. E deu ainda exemplos, na área da Educação, de medidas que já existem para apoiar as situações de "risco social", como os currículos alternativos.O presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, Armando Leandro, foi um dos que manifestou a sua inquietação: "Preocupa-me muito que a IP seja limitada às crianças com deficiência. A minha experiência faz-me pensar que as crianças em risco social devem ser consideradas." Teresa Brandão, da Universidade Técnica de Lisboa, explicou que, quando se diz que a IP vai passar a ser só "para as necessidades permanentes", é preciso não esquecer que, "se não se olha a tempo para situações menos graves, daqui a alguns anos elas vão engrossar a lista das necessidades que precisam de apoios mais especializados"."Todos os alunos que têm dificuldades e não só os que têm deficiência têm direito a ter um atendimento especializado", defendeu David Rodrigues, do Fórum de Estudos de Educação Inclusiva.E Luís Borges, do Centro Desenvolvimento da Criança do Hospital Pediátrico de Coimbra, desabafou: "Vou daqui extraordinariamente preocupado." O clínico exemplifica: "Muitas das crianças de famílias muito pobres e desprotegidas têm problemas de fala." Com o novo modelo correrão o risco de não ser abrangidas pela IP. Armando Leandro não concorda com uma Intervenção Precoce limitada às crianças com deficiência.

1 comentário:

LOBITAS disse...

Olá eu sou ma~es de uma menina com 18 meses que faz parte da Intervenção precoce, por ser portadora de uma distrofia muscular congénita por défice de merosina (negativa).
Penso que só é viavel retirarem os meninos com problemas sociais da IP no caso de arranjarem uma alternativa melhor ou pelo menos igual.
Pois senão estamos perante uma injustiça pois como é que se pode avaliar o que é grave ou menos grave, é uma grande responsabilidade, no entanto penso que havendo boa vontade dos técnicos e tendo crianças ja inseridas nos projectos, certamente consegue-se uma solução sem os ter que retirar da IP pois infelizmente os problemas sociais acarretam outros problemas igualmente graves.
Fico á espera do proximo post.
tudo de bom